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Diarreia é a condição médica em que se verificam pelo menos três movimentos intestinais aquosos ou pouco consistentes por dia. Geralmente tem a duração de alguns dias e pode causar desidratação, devido à grande perda de líquidos nas fezes. Os sinais iniciais de desidratação são muitas vezes a perda de elasticidade normal da pele e irritabilidade, progredindo à medida que se vai agravando para diminuição da micção, palidez, aumento do ritmo cardíaco e diminuição do nível de consciência. No entanto, em recém-nascidos que se encontram a amamentar, as fezes pouco consistentes e não aquosas podem ser normais.
As causas mais comuns de diarreia são infecções dos intestinos provocadas por vírus, bactérias ou parasitas, uma condição denominada gastroenterite. Estas infeções são geralmente adquiridas a partir de alimentos ou água contaminados por matéria fecal ou contraídas diretamente a partir de outra pessoa infetada. A diarreia pode ser dividida em três tipos: diarreia aquosa de curta duração, diarreia sanguinolenta de curta duração e diarreia persistente, caso tenha duração superior a duas semanas. A diarreia aquosa de curta duração pode também dever-se a uma infeção por cólera, embora isto seja raro no mundo desenvolvido. No caso de haver presença de sangue, pode-se estar na presença de disenteria. Existem também uma série de causas não infeciosas que podem provocar diarreia, entre as quais flora intestinal debilitada, hipertiroidismo, intolerância à lactose, doença inflamatória intestinal, vários medicamentos e síndrome do cólon irritável. Na maior parte dos casos não é necessária a recolha de amostras de fezes para confirmar a causa.
A prevenção da diarreia infeciosa é feita com a melhora das condições de saneamento, com a ingestão de água potável e com a lavagem das mãos com sabonete. Estão também recomendadas a amamentação durante os primeiros seis meses de vida e a vacina contra rotavírus. O tratamento de primeira linha é a terapia de reidratação oral (TRO), que consiste em água potável com pequenas quantidades de sais minerais e açúcar. São também recomendadas pastilhas de zinco. Estima-se que estes tratamentos tenham salvo a vida de mais de 50 milhões de crianças nos últimos 25 anos. Aos doentes com diarreia é geralmente recomendado que continuem a ingerir alimentos saudáveis e aos bebés que continuem a ser amamentados. Quando não estão disponíveis TRO comerciais, é possível usar soluções improvisadas. Em pessoas com desidratação grave pode ser necessária a administração de líquidos por via intravenosa. No entanto, a maior parte dos casos podem ser tratada apenas com a ingestão de líquidos por via oral. Os antibióticos raramente são usados e são recomendados apenas em alguns casos de diarreia com sangue e febre elevada, em pessoas com diarreia derivada de viagens e pessoas com bactérias ou parasitas específicos. A loperamida pode ajudar a diminuir o número de movimentos intestinais, mas não é recomendada em pessoas com diarreia grave.
Em cada ano ocorrem entre 1,7 e 5 mil milhões de casos de diarreia. É mais comum nos países em vias de desenvolvimento, nos quais as crianças mais novas contraem diarreia, em média, três vezes por ano. Estima-se que o número total de mortes por diarreia tenha sido de 1,26 milhões em 2013, uma diminuição em relação aos 2,58 milhões em 1990. Em 2012, a doença foi a segunda causa mais comum de mortalidade infantil em crianças com menos de cinco anos de idade (0,76 milhões ou 11%). Os episódios frequentes de diarreia são uma causa comum de desnutrição e a causa mais comum em crianças com menos de cinco anos. Entre outros problemas que podem ocorrer a longo prazo estão a diminuição do crescimento e do desenvolvimento intelectual.